quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Serei uma boa mãe?

Um dos poucos sonhos que mantenho desde tenra idade, é o sonho de ser mãe.
Não acredito que todas as mulheres necessitem da maternidade para se sentirem completas, é uma ideia básica, pré-concebida. Conheço muitas mulheres que não foram mães e não são mais ou menos felizes por isso, têm outras prioridades na vida, uma personalidade que possivelmente não se adaptaria ao simples facto de terem que deixar de estar em primeiro lugar, para amarem um filho acima da sua própria vida. É verdade.

Sempre sonhei quantos filhos iria ter, se eram rapaz ou rapariga, pensei em nomes, acho que é normal. Confesso que a partir de determinada idade, este pensamento deixou de ser predominante na minha vida, porque a maternidade jamais deverá ser um acto de egoísmo e sim partilhado. Conheci casos diversos, mulheres que andaram em esquemas duvidosos até engravidarem… mulheres que casaram com o protótipo de homem que possuía a situação financeira e a postura que pretendiam para o pai dos seus filhos, e que abdicaram do homem que amavam… mulheres que tiveram um companheiro temporariamente ate engravidar e chegaram ao cúmulo de terminar a relação sem os informarem que iriam ser pais.
Também conheço o inverso, mulheres que foram abandonadas pelos namorados, quando descobriram a sua gravidez.

Sempre quis ser mãe… sempre tive a certeza que iria ser uma boa mãe… numa primeira fase sonhava em casar com o homem que seria o pai dos meus filhos, depois perdi um pouco a fé no casamento, e concluí que mais importante do que isso é a existência de um amor forte e sólido.
Como será? Não sei, não faço futurologia, e muito menos neste momento da minha vida me atrevo a tentar adivinhar o que quer que seja, sendo que a Adopção para mim, constitui uma opção, não menos válida. Adoptar uma criança e criá-la como se tivesse ganho vida e contornos dentro de nós mesmas, na verdade, não entendo qual é a diferença, na verdade não entendo a existência de tantos preconceitos relativamente a isso.

Mas tenho dias em que chego a casa tão cansada do trabalho, sem paciência depois de um dia em reuniões, a atender telefonemas, a resolver problemas, que penso para mim ‘’Será que darei mesmo uma boa mãe? Será que tenho o que é necessário? Será que terei paciência para o meu filho?’’.
Acreditem, são muitos os dias em que estas dúvidas surgem, tal é o meu grau de exaustão, em que só me apetece tomar um banho bem quente e cair na cama.

Depois… estou com a minha sobrinha que tem quase 3 anos, é uma criança linda…perfeita…adorável... parecida comigo em alguns aspectos, não fisicamente, apenas herdou as minhas orelhas pequenas... mas sim em termos de temperamento, personalidade.

E fico a olhar para ela enternecida num tempo sem fim… a observar cada gesto que faz… a sorrir a cada palavra que pronúncia. E esqueço o cansaço, seja que dia for, da semana ou fim-de-semana.
O meu peito é inundado por uma felicidade extrema, um amor incondicional, e dou comigo a brincar com ela… a educá-la… a não a deixar comer doces antes das refeições… a insistir para ela comer a ‘’xixa’’ e o arroz todo… a cantarolar as músicas do infantário com ela… a levá-la inúmeras vezes à casa-de-banho, porque não aceita que seja outra pessoa a fazê-lo que não eu, quando está comigo… a lavar-lhe as mãozinhas pequeninas… a fazer-lhe as vontades quando vem ter comigo a pedir para fazer outros totós ou colocar os ganchinhos cor-de-rosa de outra forma, enquanto diz ao pai numa fala ainda muito imperfeita, mas já compreensível ‘’Nãooo! Não sabes papá. Quero que seja a S.’’.
E aí… aí as minhas dúvidas desvanecem-se por completo e a certeza apodera-se de mim, nesse momento tenho a certeza que serei uma boa mãe, que serei capaz de colocar o meu filho em primeiro lugar e esquecer-me um pouco de mim. E que chegarei a casa, mesmo exausta e terei sempre um pouco de amor, de carinho, de boa disposição para lhe dar. E isso deixa-me simplesmente feliz…

Quando? Tão cedo não será… mas talvez um dia.
Este post é dedicado à minha sobrinha, que ainda nem sabe ler, mas que amo incondicionalmente.